Evangélicos e católicos se unem por CPI do aborto
Sessão na Câmara dos deputados para discutir a CPI |
Embora divirjam na teologia, parece que deputados
evangélicos e católicos conseguem andar unidos quando se faz necessário. A
Chamada Bancada Religiosa da Câmara pediu nesta semana a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre aborto. Além disso, querem
aprovar o chamado “Estatuto do Nascituro”, que legisla sobre os direitos do
feto desde sua concepção.
O deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da bancada
evangélica, explica que essas duas propostas são uma resposta às mudanças
sugeridas pelo Senado durante os estudos para a reforma do Código Penal. “Nós
queremos apurar com essa CPI, o financiamento do aborto no Brasil, tanto por
instituições internacionais, quanto pelo governo da presidente Dilma Rousseff.
Além disso, vamos investigar o comércio de produtos abortivos e as clínicas que
fazem aborto”, justificou.
Com a assinatura de mais de 200 deputados, o pedido de
CPI já foi entregue ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Nessa semana ainda, os evangélicos terão uma reunião com Alves para debater
os dois assuntos.
O Estatuto do Nascituro foi apresentado na legislatura
passada por Luiz Bassuma (PV-BA), que é espírita. Como ele não foi reeleito, a
proposta foi arquivada. Retomado pelos religiosos, o projeto atualmente está na
Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, que deve analisar se a proposta é
viável do ponto de vista financeiro. Em seguida, segue para a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) e, posteriormente, para o Plenário da Câmara.
“Para nós e para os católicos, a vida começa na concepção e por isso vamos
lutar juntos por esse direito”, explica o deputado Campos, comemorando que
recebeu o apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil.
Evangélicos e católicos também se uniram na tentativa de
garantir às igrejas a competência de contestar a constitucionalidade de leis
junto ao Supremo Tribunal Federal.
“Acredito que o legislador, por distração, não incluiu as
representações religiosas nessa lista de entidades e por isso queremos corrigir
esse erro para que as igrejas também possam entrar com Adins (Arguição de
inconstitucionalidade) no Supremo. Essa também é nossa prioridade”, explica
Campos.
A luta contra o aborto já uniu todos os deputados
cristãos antes. Ano passado o líder católico, deputado Salvador Zimbaldi
(PDT-SP), trabalhou com João Campos e Roberto de Lucena (PV-SP) pastor da
igreja O Brasil para Cristo, na tentativa de barrar os efeitos da decisão do
STF que permite o aborto de crianças anencéfalas.
Zimbaldi já se manifestou contrário ao casamento entre
homossexuais e os projetos que criminalizam a homofobia. Ele apresentou,
juntamente com vários outros deputados religiosos, um projeto de lei que
garante às igrejas o “exercício de atos litúrgicos em estrita conformidade com
os respectivos ordenamentos religiosos”.
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