Na última sessão da Câmara de Timon, a temperatura subiu, e a causa foi um velho conhecido: as denúncias sobre a saúde da cidade. Um vereador da oposição levantou o assunto, e a reação da base do governo não demorou, com acusações que tentavam desacreditar o opositor, chegando ao ponto de um deles postar nas redes sociais que o colega seria uma “marionete”.
O mais irônico dessa história é que a acusação veio justamente de um vereador que, no passado, já esteve do outro lado. Ele, que agora defende a gestão, era conhecido por uma oposição implacável, daquelas que pulavam muros e entravam em buracos para fiscalizar. Na época, os discursos eram inflamados, e a narrativa era outra: ele falava em "defesa do povo" e "combate às irregularidades".
O problema é que o roteiro mudou, e a incoerência ficou exposta. O mesmo vereador que antes batia de porta em porta para denunciar problemas agora tenta silenciar quem faz o mesmo. As atitudes que antes eram vistas como coragem, hoje, são chamadas de "teatralidade". A acusação de "marionete" parece ainda mais vazia quando confrontada com a própria trajetória.
É aqui que a pergunta se torna inevitável: se no passado ele fazia questão de fiscalizar a gestão anterior, ele também era marionete de alguém? O verdadeiro incômodo da base governista não é o conteúdo das denúncias, mas o desconforto de se ver em uma posição que, no passado, foi ocupada por eles mesmos. A política pode mudar as posições dos vereadores, mas a memória do povo, essa não se apaga.
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